terça-feira, 26 de maio de 2009

Torto, por linhas Direitas...


Dizem que Deus escreve direito em linhas tortas. Pois bem, quanto a nós, passa-se exactamente o oposto. Até podíamos ter réguas e esquadros que nada nos adiantava. Nem com todo e qualquer indicador do que fazer… Até o caminho podia estar marcado com luzes de aterragem, que simplesmente não adiantava.

Não nos escrevemos da forma correcta...
Fomos maus parágrafos. Parágrafos trocados por outros parágrafos... Parágrafos que se sentiram usados. Parágrafos enraivecidos. Parágrafos que juraram que nunca mais acreditaram que podiam fazer um texto. Parágrafos desorientados. Parágrafos traídos.
Noutras alturas também fomos poemas. Com estrofes que não rimam. Nem de forma emparelhada, nem de forma cruzada. Não havia qualquer sonoridade semelhante que chegasse perto a uma rima.

Incrível é, dois anos depois, ainda teres vontade de escrever algo nosso. Por muito gatafunho que seja! Por muito torto que o texto sairá…
Vamos admitir, se pudéssemos traduzir a nossa relação num texto, o resultado seria uma sopa de letras... Procura pacientemente e, com sorte, ainda encontras palavras que se relacionem. Foi assim que fomos e é assim que seriamos!
Não te esforces para tentar fazer um texto. Ao que nos diz respeito, e depois de tudo, combinar duas palavras que conjuguem decentemente é quase impossível.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Dentro ou fora de Contexto?


Resolveste colocar uma aliança e dizer "sim" perante o padre, a família e amigos… A tua mãe chorava o teu pai engolia em seco para não o fazer (homem que é homem não chora… aprendeu isso com o pai dele, de certeza…).
Eu e a Carol olhávamos perplexas!
Eras tu! A Ica que conheci em 97 e que me fez companhia durante os tempos de ginástica. A Ica que fez o interrail comigo. A Ica das inúmeras férias, desde o Algarve à Ericeira. A Ica que acompanhou 30 mil histórias da minha vida e a Ica que eu acompanhei nas suas 30 mil histórias…
A Ica agora estava num vestido branco de 1500 euros. (Com esse dinheiro dava a volta ao mundo e ainda tomava chá com o Papa, deixo como nota, amiga…)
Ali mesmo ao teu lado… era ele, o teu futuro marido!
O padre… bem. Lá estava a fazer o que lhe competia…
E eu. Juro que não sei o que dizer!
No meu sentido prático das coisas só me aparece esta perspectiva: se viveres até aos 85 anos, são 61 anos juntos. Qual a pressa de casar agora!?
61 anos!!!
Direito a bodas de prata, ouro e ainda ganham 11 anos extra, como bónus!
Hip Hip Hurra! Tragam os Foguetes!!!

Ser pragmática e irónica, dá nisto!
O engraçado está que, perante tal afirmação, é possível ser considerada tão estúpida quanto inteligente… dependente da perspectiva, claro está. A minha mãe enquadrava-me no primeiro grupo. Algumas amigas veneravam tamanha ilação com um prémio Nobel… Okay, talvez não tanto. Apreciariam a minha perspectiva, apenas!

Uma amiga comum, na tua despedida de solteira, dizia que a magia… Sim “a magiaaaaa” está em sair de casa dos pais, para se ir viver em casa do marido…
Pois claro está… A magia!

Estou no séx XXI, não estou?
Sou eu que estou fora da de contexto e preciso de reorganizar ideias? Que nesse caso expliquem-me como é que eu simplesmente não vejo “A Magia…”

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Prateleiras Hormonais


No meu 9º ano, decidida como sempre, no que diz respeito ao meu futuro, entrei no gabinete da Psicóloga da escola a afirmar que queria ser Professora de Ed. Física. Ainda hoje me espanto ao pensar na segurança que dizia aquilo com apenas 13 anos. Ia ser professora de Educação Física, dar aulas de dança paralelamente e sobretudo, ser feliz!
Típico da minha pessoa.
Quase aposto que imaginava isso tudo com um arco-íris como plano de fundo, e purpurinas… muitas purpurinas…. De várias cores e feitios…

Testes psicotécnicos!? Os resultados bateram totalmente ao lado.
Quarto Agrupamento. Portanto Línguas… Professora de História, Inglês ou Francês, Assistente Social e Actriz.
A Psicóloga disse que nunca lhe tinha aparecido ninguém tão convicto de algo que nos testes revelasse o extremo oposto (é que nem o agrupamento acertei...!). Sinceramente quero acreditar que isto seja visto como uma virtude e não um defeito de fabrico…
Claro está, que não seriam uns testes psicotécnicos que iriam resolver o que queria fazer da vida. Mudei de escola para o agrupamento científico–natural, tendo Desporto como opção técnica. Mais tarde dei por mim a treinar para os pré-requesitos e daí a sentar-me no anfiteatro da faculdade, foi um pulinho. Enquanto tinha aulas de disciplinas de difícil nome como cinantropometria e cinesiologia, ainda tirei um curso de dança para poder começar a dar aulas por aí em ginásios…

Hoje é o meu último dia de aulas da faculdade.
Estágio com ela… Em Setembro, seja ali na Amadora, Carcavelos ou Ilha de S. Miguel, estarei a olhar para uns quantos adolescentes idiotas que me chamarão de ‘stora…
E eu, típica estagiária, esfolar-me-ei ao máximo para compreender, ajudar e ensinar aquelas cabeças de ar, que não passam de um simples depósito hormonal desregulado. Neles não existem prateleiras ou gavetas onde se organizem tamanhas alterações e inovações.

Após todo este percurso… E agora que vivo a realidade que projectei, mais perto…
Lá está! A idade leva a que arrumemos o nosso depósito hormonal…
E quando olhamos para dentro e analisamos as várias prateleiras que se encontram minimamente arrumadas. As gavetas dos ideais sobrepostas, onde as de cima contêm assuntos de maior ênfase e as debaixo o menos essencial, mas que nunca se sabe quando o seu conteúdo será necessário e por isso não se deita fora…
A perspectiva torna-se completamente diferente…

Será que é exactamente isto que eu quero?
Na realidade, não me sinto muito satisfeita com a minha perspectiva de futuro, sobretudo neste país onde a Educação vai de mal a pior, ao ponto de haver quem se dê ao desplante de afirmar que os professores são "os inúteis mais bem pagos deste país” [Oh Miguelito, Miguelito! Se a tua mãe fosse viva, quase aposto que, muito à moda antiga, colocava um piri piri na tua boca. O Equador deve ser totalmente fruto da tua grande capacidade auto didacta…]

E é assim…
Agora lá vou eu para a faculdade, para viver o meu último dia de estudante… De hoje em diante já não há desculpas para desregulações hormonais… Olhem. Juro que tenho pena!

E, venha o que vier… hum… virá!
Não tenho a mesma capacidade de projectar seja o que for com a mesma facilidade e convicção típica, de uns belos anos atrás…
As prateleiras encheram-se, no entretanto!