terça-feira, 28 de abril de 2009

Quadro sem Moldura


Perguntaste-me porque raio resolvi meter conversa…
Porque sou assim. Quando dou por mim estou no elevador a dizer ao vizinho que me esqueci do telemóvel no carro… ou ao rapaz que me atende numa estação de serviço que tem um nome bonito quando olho para a o identificador com o nome dele… ou à esteticista que ando a pensar ir estagiar para os Açores… ou, até mesmo, ao senhor da portagem que não fique chateado comigo quando procuro desesperadamente trocos perdidos na mala…
Simplesmente podia estar calada! Mas não… É mais forte que eu!
Até nas longas viagens de expresso, acabo por contar metade da minha vida ao desgraçado que teve o azar de, na aleatoriedade de números de bancos num expresso, calhar no lugar ao lado do meu…!
Porque meti conversa contigo!? Não de forma tão instintiva, já que no meio da multidão que nos rodeava não seria só fruto do acaso e de falta contenção da minha boca…
Na realidade pareces-me bem! Nada de grandes ornamentações. Não te escondes em roupa de marca, não te evidencias com acessórios, não de enalteces com aqueles penteados da moda que exigem duas horas em frente a um espelho e um boião de cera de cabelo… Pareces-me bem apenas com os ténis, calças de ganga e t-shirt clara! Porque és um bom quadro e não precisas de uma grande moldura que te engrandeça.
Porque se fosses tão simples por dentro, como te mostravas por fora, não seria uma pequena abordagem da minha parte, mesmo que ridícula, motivo para achares que não o devia fazer…
Por isso, meti conversa!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

O ego foi de férias...

O meu professor de Psicologia do 12º ano chama-se Pestana. Ou pelo menos era assim que o chamavam… Tenho ainda, uma vaga ideia da imagem dele. Alto esguio e meio careca. Tinha também uns óculos pequenos. Era um porreiro. Até o ouvia com a atenção devida… E se o vir na rua não contenho um “Olá Professor, boa tarde…”.

A psicanálise foi um tema que me fez abrir o olho mais que o costume… mas sempre descontextualizando a matéria para os lados da criatividade…

Por outro lado, quando se fala de algo pouco palpável como o consciente, para quem vive constantemente com uns óculos cor-de-rosa que fazem ver o mundo sempre melhor do que realmente é, difícil acaba por ser, não descontextualizar todo o conteúdo que se encontra dentro do psíquico…

Ora bem.

De uma forma muito pouco científica, a minha interpretação das aulas sobre psicanálise do Pestana levaram-me a esta conclusão:

O meu Id nasceu comigo e representa todos os instintos, impulsos e desejos manifestados de forma inconsciente. Muitas das vezes quando não entendo porque raio fiz tamanha idiotice, agora já posso culpar alguém… Ou pelo menos alguma coisa… O caso do Super-Ego é diferente. Foi-me implementado. Aparece no sentido de reprimir as pulsões do Id, uma espécie de “alto aí e para o baile”, vamos é fazer o que moralmente é aceite… Aparecendo também inconscientemente.

Falta então apresentar o Ego. No meio de tanta vontade inconsciente é necessário haver alguém que saiba, ao menos, que existe… Aqui aparece o meu Ego. Cá anda, aos encontros e solavancos, quer com o Id, quer com o Super Ego… Tadito. A ver se orienta. Curioso é o facto do meu consciente muitas das vezes trabalhar de forma tão neutra que quase que parece inconsciente… Na realidade parece que não está por aqui e vivo então na Republica das Bananas…

Após tal lição, levada por mim com a maior das leviandades… ponderei mesmo, se em várias ocasiões da minha vida, o meu ego não foi de férias… é que, muitas vezes, juro que parece!